Perdão

Marquei o teu peito com penosas chagas

Quando a alma te velava com carinho.

Por ti tanto penei quando sozinho.

Por mim invoquei, na agonia, pragas.

Te peço perdão tal qual um mendigo

Que, trêmulo e com grande sofrimento,

Te implora por um pouco de alimento,

E que não o ofenda como um inimigo.

Pois perdoar é um ato divino

E eu, que sempre me vi como ateu,

Busco a bondade que Deus te deu

E que perdoe em brusco desatino.

Se eu pudesse sentir em teus gestos,

Por um segundo, o amor de tantos anos,

Reduziria, significativamente, os danos

E te dirigiria um sorriso honesto.

Porém, se mesmo assim me disser “não”,

Ficarei, então, a vagar pela cidade

Sentindo em mim a tempestade

Da angústia, da culpa e da solidão.

Vinicius Marques
Enviado por Vinicius Marques em 18/03/2020
Reeditado em 18/03/2020
Código do texto: T6890684
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