Pluma

Paira no ar uma pluma, atroz desfiada;

Erra, no vento balouça, e dá-se a meu ver.

Sei, pertenceu-te, às asas outrora atiladas.

Triste! Por veleidades tu qui-las vender.

Queira tornar este corpo olhar-te a contento,

Co’as lautas asas e plumas a te envolver.

Nesse candor elevado teu brilho é portento

Para este exânime espírito convalescer.

Mas as palavras desabam vertidas do peito

Ante este mundo impassível e tu nunca hás de ver:

Todo um meandro de lágrimas salga-me o leito

Pelo fervor da agonia de não mais te ter.

Valem-me nada a soberba, rancor ou o brio.

Servem de que estas névoas, senão p’ra sofrer?

Veja! Já as regurgito, recuso este frio!

Toma de volta minh’alma, prefiro ceder!

gurudorock
Enviado por gurudorock em 29/01/2020
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