Pluma
Paira no ar uma pluma, atroz desfiada;
Erra, no vento balouça, e dá-se a meu ver.
Sei, pertenceu-te, às asas outrora atiladas.
Triste! Por veleidades tu qui-las vender.
Queira tornar este corpo olhar-te a contento,
Co’as lautas asas e plumas a te envolver.
Nesse candor elevado teu brilho é portento
Para este exânime espírito convalescer.
Mas as palavras desabam vertidas do peito
Ante este mundo impassível e tu nunca hás de ver:
Todo um meandro de lágrimas salga-me o leito
Pelo fervor da agonia de não mais te ter.
Valem-me nada a soberba, rancor ou o brio.
Servem de que estas névoas, senão p’ra sofrer?
Veja! Já as regurgito, recuso este frio!
Toma de volta minh’alma, prefiro ceder!