AUTO PIEDADE

Eu cai,

Eu errei,

Eu chorei,

Quando parecia que não se repetiria;

Eu me perdi,

Dentro de mim,

Onde parecia mais difícil de me salvar,

Ao perder, perdi meu norte e suporte;

Pensei em me matar,

Me matei em vida,

Me perdoar era a coisa mais improvável,

Como aceitar que falhei miseravelmente?

Eu tinha metas e sonhos,

Não descansaria até concluí-las,

Tornar-me alguém e conquistar coisas,

Tentei me fazer feliz, sufocando meu corpo,

Quebrando cada osso, cada dia, cada poema;

Eu me condenei,

Jamais poderia me abraçar,

Eu tive vergonha de ser eu,

Me lancei no mar da indiferença,

Afundei e parecia não me importar,

Me tornei passageiro da minha vida;

Me esqueci de mim,

Só que ainda ardia lá uma chama,

Uma vontade de sobreviver,

De queimar as correntes das âncoras a me afundar,

Foda-se o que eu fosse me tornar,

Eu não poderia me abandonar,

Iria me erguer conforme precisasse;

Entendi minhas limitações,

Tive trégua com todas as frustrações,

Elas ainda me visitam pelas brechas do coração,

Quando se esvaem, faço poesia,

Fiz as pazes comigo, me abracei,

Chorei quando senti de volta minha sensação;

Comprei uma agenda, anotei tudo,

O que eu queria, deveria e faria,

Que ironia para um poeta como eu,

Não perceber que o papel me nortearia,

Fiz dessas folhas mapas para meu âmago;

AUTO PIEDADE,

por mim, fui meu pior inimigo,

Quando me abandonei, quando me quebrei,

Agora me ergo, as vezes pereço,

Mas me perdoei, me entendi, me amei de novo,

Não apago meus versos e nem meu passado,

Tudo me fortalece, sobreviver é minha religião;

(Data: 10 de Janeiro de 2020)

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