Mea Culpa
Quis ser o sal mas fui insosso,
Intolerância em carne e osso…
Poço… De água salobra.
Fui colônia européia,
Meu rebanho? Uma alcatéia!
Uivando uma pá de idéia… Boba.
Demonizando rito afro,
Nos meus pus chifre, rabo e garfo...
Nos deles harpa, auréola e asa.
Sem entendimento amplo,
Da árdua tarefa do campo…
Como qualquer preto da casa.
Esculpi culpa em Carrara,
Mas quando dei na tua cara…
Queria dar nada mais que carinho.
Sinto muito,
Era flor o intuito...
Não aquele fortuito… Buquê de espinho.
Quis ser o sol mas fui sombrio,
Luz sem brio…
Foz do rio… De água podre.
A cada faixa,
Hihat, bumbo, caixa,
Fúnebre marcha… Átomo, como pôde?
Calei silêncio aos gritos,
Com meus escritos...
De tom ameaçador
Mas agora em lugar de azar, sorte,
Em lugar das juras de morte…
Somente juras de amor.
Muita certeza pra vinte e poucos,
Mais um santo-do-pau-oco…
À palmatória dou a mão.
Legalismo no fundo da gaveta,
Quebrei aquela ampulheta…
Para dar tempo de pedir perdão.