Do fundo do poço para além do infinito
Chegado havia o tempo
do confronto consigo mesmo,
a realidade o apunhalava
e, perdido, vivia a esmo.
Uma decisão seria tomada
e para o grande miserável
seria tudo ou nada
ou seria puro ou execrável.
Foi sua vida destruída
lançada ao fundo do poço
e ele não via mais saída
com um letárgico esforço.
Mas ainda havia um futuro
que, embora não existisse
era cheio de esperança,
a salvação de sua sandice.
Oh, quanto tempo foi perdido,
na prisão da mocidade,
prazeres efêmeros que sentia
não lhe davam liberdade
Nas trevas, aprisionado,
os grilhões da morte o feriam,
era triste e, massacrado,
seus sonhos nobres sucumbiam.
A vida, aos poucos, ia embora
e ele empalidecia de terror,
e ate pelo ar que respirava
gratidão não demonstrou.
Então, deles se lembrava
de seus dias antigos,
quando a infância era sua amiga
e o tempo seu amigo.
Andavam juntos, e sorria
por tudo o que sentia
eram flores, eram sonhos
que alegravam os seus dias.
Todavia, eram lembranças que viviam
sepultadas no passado
eram cadáveres, espectros
que assombravam seu estado.
De tristeza, de saudade
de agonia, de esperança
de certeza que a angustia
convidava-o pra uma dança.
Mas subjazia ao desespero
uma chance escondida
e a força da existência
fez dela sua guarida
Pelo medo que o torturava
por socorro clamou aos céus
e a manifestação da graça
destruiu o escuro véu.
Deu sanidade à sua loucura,
livrou-o da morte
Quebrou as cadeias que o prendiam
a sua triste sorte.
Lançou a corda ao abismo,
tirou-o da lama
e para ele a luz da vida
agora é uma chama.
A arder em seu coração,
o sol da justiça resplandece,
é um memorial de compaixão
que para sempre permanece!