Que venha o perdão
Perdoar alforria raivas empacadas na alma,
que nunca se cansam de berrar estou aqui,
que não deixam o coração sossegar.
Pra perdoar não basta querer.
tem que ter pulso firme,
razão desnuda,
todas certezas de plantão.
Perdoar é fruto da maturidade,
que só o tempo traz à vida,
por isso é tão distante de certos passos
com tanto caminhar pela frente.
Quem perdoa deixa Deus mais leve,
dá sentido aos ventos, aos mares, à luz,
tudo fica menos empedrado, menos torto,
menos solavanco, menos turbilhão.
O perdão, portanto, é preciso
pra duas criaturas abrirem suas fronteiras,
tão trancadas a 7 chaves,
tão ríspidas ao menor aceno.
Assim essas duas criaturas,
unidas pela mesma matriz, pelo mesmo chão.
vão redescobrir um horizonte lindo
que as fagulhas do tempo fizeram ruir,
fizeram sofrer, fizeram quase morrer.
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dedicada à minha filha caçula Julinha.