Há amor que faz silêncios.
É tão único e plural.
É tão profundo quanto o abismo.
E resvala na alma
escoriações e dores ímpares.

Amar e pertencer.
Desamar e despertencer.
Perder-se noutro.
Encontrar-se noutro

Perder-se novamente
na dinâmica do boomerang
na gangorra cíclica das horas.

O orvalho é a lágrima que não secretamos.
A  linda gota cristalizada sintetiza 
dor e angústia.
Consciência e razão.
E quando evapora-se
diante do sol
Liberta espíritos cativos
de seus infortúnios.

Há amor que faz silêncios.
Há silêncio que faz amor.
Cúmplice.
Telepático.
Pitonisa e esfinge.

Enigmas de gestos
e olhares.
Fonemas cativados pelo cansaço.
Frases esculpidas ao relento
Com palavras insanas
e ao acaso.

O amor feneceu.
A manhã venceu.
E, mais tarde, foi vencida pela tarde.
E diante do sol a pino
Zênite
Despenca-se e adormece
nas trevas misteriosas da noite.

A estrela nasceu.
Outras figuras encantadas
apareceram e protagonizaram
o seu sono.

Com o agudo de violino.
Com o sustenido do piano.
Com o tom pastel do quadro.
 construimos a estética do amor

Refestela-se
do silêncio híbrido,
de lacunas semânticas,
de sintaxes agonizantes
a procura do sujeito
sem predicado.

O amor é um breve 
eclipse que muda tudo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/09/2018
Reeditado em 22/10/2018
Código do texto: T6450390
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