MEU ERRO
(para minha filha Raquel na ocasião dos seus trinta anos)
Onde estará o erro? A falha que se comete?
Só uma brincadeira, uma folgança,
para sempre a relação compromete
entre o adulto e a criança.
Os traços são claros, evidentes.
Os heterozigotos é que nos pregaram peças.
Não nos fez com semelhantes caras,
mas, tal e qual nos deu as mentes.
A cor dos olhos não diz nada,
são alelos dominantes, um para quatro, cada.
O registro das cores é complexo,
conta com a poligenia sem nexo.
Veio juntar-se a nós, compor família,
minha, nossa, filha desejada,
concebida com amor, esperada.
Provocante aventura de criar. Biofilia.
Trago comigo essa mancha e o dano.
Carrego esse peso, sem dolo.
Sofro por isso e imploro
desculpa esse pai insano.
Tento-te dizer há trint’anos, reticente.
Explicar com a genética simplesmente,
o que coração desde sempre,
já de todo modo sente.