Êxtase e Fúria

Às vezes, estou perto e não me vês,

Acercas-te de mim, também não sinto.

Eu leio as entrelinhas que não lês,

Mas fecho-te portas do meu recinto.

Tu és claro e límpido como a manhã,

Sombria sou, qual um final de tarde.

E se por fim m'ilumino, é no afã

De alimentar uma chama que arde.

Somos tão opostos, Vênus e Marte,

Temos a poesia que nos atrai.

Apenas aproxima-nos ess'arte,

Num êxtase, onde a fúria sobressai?

Ou nos sabemos ambos encantados

Por esse lume aceso que crepita,

Que queima e anseia ao nos manter ligados,

E, ao ver-nos sós, nossos versos recita?

Magmah
Enviado por Magmah em 21/05/2008
Reeditado em 22/05/2008
Código do texto: T998683
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