Janela

Um dia abrem a janela

e comem os olhos do azul

os homens

que são assim e não pensam

nos filhos órfãos.

Comem as gengivas verdes

como devoram suas mulheres

sonhando fazem o amor

com retratos mais novos delas

e depois se vão embora

tão tristes como chegaram

em procura da alegria

que perderam lá na infância

entre os peitos tristes

de uma amante doente e cansa.

Um dia eu também abrirei a janela

e comerei do azul do céu

como hoje estou a comer da carne

que a ti te falta.