MULTIDÃO
MULTIDÃO
Juliana S. Valis
Olhe além do abismo tão profundo,
E veja só esta contradição:
Nunca houve tanta gente no mundo,
Mas nunca se viu tanta solidão...
E, sem calma, a multidão passa pela rua,
Sem destino certo, na alma, de repente,
Sem digerir, no fundo, a realidade crua,
Sem discernir, no âmago, o valor da gente !
Na dor das faces, no calor da vida,
O amor precisa ser de fato humano,
Mas todo sonho que o suor abriga
Carrega força além de todo plano ?
Por trás de toda luz de uma televisão,
Por trás de toda cruz em ciclones, terremotos,
Há muito mais do que uma multidão,
Há muita vida além de tantas fotos !
Sim, olhe além do abismo tão profundo,
Sinta na alma o que as pessoas são !
Nunca houve tanta gente no mundo,
Mas nunca se viu tanta solidão.