SÓLIDOS VALORES
Eu me sinto envaidecido, por essa minha completa ausência de orgulho;
Eu me vejo nas alturas, justamente por me admitir pequeno;
Pela isenção que consigo ter, por respeitar até o que não me misturo;
Jogo pra ganhar, jamais apostando onde a perdição esteja valendo!
Eu me sinto realizado com o pouco de que disponho;
E louvo a disposição de minha língua, para bem pouco trabalhar;
Me basta a riqueza, desprovida do materialismo com que não sonho;
Sou provido, mesmo sem o consumo, cujo luxo não posso me dar!
Eu aplaudo meu espelho, que não me reflete um padrão de beleza;
Eu sempre encontro um destino feliz, nas estradas desertas;
Ostento sem falsa modéstia, meu atestado de exclusão da nobreza;
Me sinto um humano sábio, quando reconheço minhas ações incertas!
Eu sou daqueles que não vendem ao supermercado sua independência;
Eu sou o filho crescido, que não dorme sem a bênção da mãe e do pai;
Eu ligo o televisor, mas não o deixo programar minha consciência;
Que as leviandades tentem novas arapucas, pois sua sedução não me atrai!!