EU, SEGUNDO EU

Eu sou chamado de mistério, mas na realidade sequer sou visto;

As minhas sombras, ganham todos os prêmios da minha luz;

Sou condecorado com honras de covarde, tão somente porque resisto;

Sou saqueado pela injustiça, porque a hipocrisia não me induz!

A falsidade vive a me beijar, e se ilude com minha aparente inércia;

Ela ignora que dialogo habilmente, com todas as suas faces;

Seu mar venenoso, sonha manter minha virtude submersa;

Por não suportar minha fala, imputa-lhe o rol dos disfarces!

Eu sou um mundo desabitado, porque me sinto espécime singular;

Já extenuei minha esperança, com meus discursos sem tribuna;

Na Arca de Noé eu não entraria, pois sou gênero sem par;

Penso ser leito de rio, inundado por águas de laguna!

E assim vou eu, soldado solitário, nessa guerra por todos;

Alcatéia de uivos em monólogos, matilha sem latido;

Arquipélago incompreendido, de mares antagônicos envoltos;

Com fama de franco atirador, mas na verdade, um combatente ferido!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/05/2008
Código do texto: T976070
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