Éden?

Ela me disse para fugirmos...

Para um lugar, cujo nome não me lembro.

Era, então, fim de ano... Dezembro.

Mas me pareceu o começo, o inicio de tudo.

Sua voz preencheu meus ouvidos, inundou minha alma...

Com tanta beleza, que em mim não cabia.

E com tal franqueza, as coisas me dizia...

Que ali, rendido, só me restava fazer o que fiz...

Escutei-a, embevecido.

-Vamos fugir, vamos juntos pra lá...

É um lugar quente, mas úmido, fresco... Perfeito.

Não terás tempo de sentir saudades do sol, pois ali é sua morada.

É lá sua casa... E o verás até enquanto dormes.

Não farás isso muito, pois a noite é mágica e dormir tem seu preço...

Com os olhos abertos, verás a chegada de milhões de fadas, sob a lua.

Borboletas brilhantes, diamantes alados, sim, é isto que pensarás de início...

Até que a poesia vá viver em sua alma e possas ver a verdade.

A única e simples verdade, desde o princípio.

Sentirás um pouco de tristeza...

Por perceber o vício em uma alma crua, de anseios banais.

Enfim, terás liberdade... Pois já não a possuirá mais.

Lá, os pássaros são numerosos, incontáveis, infinitos.

E tão coloridos, de cores que já não nos lembramos que existem.

Entram por nossos olhos, pra morrerem no coração, viram parte de ti.

E cantam, cantam... E nunca ficarás triste.

Residem em ti... São tuas asas, e se tornarão sua própria voz.

Durante dias, meses, durante anos e anos...

Eternamente... não há o que ponderar...

Vamos?

Soube, sabia o tempo inteiro que nunca iríamos, era impossível...

Mas foram estas, as palavras mais doces, que eu jamais tinha ouvido.

L>K