INVERNO
INVERNO
Hiberno antropofagicamente neste sossegado antro de penumbra oceânica em firmamento silencioso.
Belos pássaros brancos que pousaram e partiram dessa paisagem branca neve a descansar sobre o olhar calado desta estação fria.
Com alvas penas me visto de nevoeiro e nevoeiro!
E quero deslizar nas ondas com espumas embranquecidas de cera fria.
Paira sobre o vento norte e numa chuva de algodão molhar minhas vestes brancas.
Ver as sombras pálidas das coisas alçando vôo, num fingimento consolador, que consola somente os drogados de pura vida nascente e viril.
Olhar a transição de tudo como uma pequena flor de jasmim que exala na madrugada à dentro.
Repousar sobre plumas de paz e sonhar estar perdido (a) dentro de um iceberg à deriva.
Correr sobre as nuvens do ártico e navegar nas águas colostro a embebedar-me de vida, que agora dormi em paz, neste inverno que incuba a essência vital de tudo, como muitas lagartas (vidas) em suas crisálidas (inverno) enquanto esperamos as borboletas.
O inverno é isto, um casulo, uma incubadora, uma transformação de tudo que tem vida em morte, e dar a vida a tudo que aos nossos olhos aparentemente estão mortos.
É, mas precisamos metamorfosear-nos já está na hora de sairmos de nossos invernos.
Raymund Hazullw.
Belém, 03- 05-08.
Dedicado à jovem INVERNO.