Inspirações Perdidas
Num forro de papel de mesa de bar
Despejo as minhas inspirações
Meus sonhos e pesadelos . . . Minhas ilusões e desilusões
Inebriado de líquidos e companhias voláteis.
Me exílio no meu mundo. . . Meu reino . . . Meu lugar
Visto a carapuça da sobriedade;
No lenitivo mergulho a tristeza;
Com a outra mão afago o coração
E desembucho sentimento em versos.
Ao me recolher;
Translado todo o feito pra uma falsa eternidade
Num guardanapo amarrotado de botequim.
A aurora chegou e a memória acabou varrida
Coisa de poeta . . . Boêmio . . . Vadio.
Um estalo . . . Um despertar . . .
Cadê minhas inspirações ??
Perdidas . . . Órfãs e pagãs . . .
O que me conforta é a ciência de que
Elas se encontram acolhidas por outras
Que um dia também se perderam dentro do meu “eu “
Á espera . . . receptivas à outras que também se perderão. . .
Só por ontem . . .
Foram fazer parte do papel macerado pelo garçom do botequim
Só por hoje . . .
O guardanapo bailou sua última valsa . . . Fez par com o anil na máquina de lavar
Agora repousam em paz . . . Em algum lugar . . . Escritas nas páginas de outrora
Não ficarão em estantes . . . Estarão aqui comigo. . .Perdidas no mar tenebroso da minha consciência