Poema ou talvez o eterno lamento
do meu ser que busca
encontrar-se por entre labirintos,
inúmeros pensamentos e recordações.

Eu sou alguém vindo de muito longe
trazendo nos braços o arco da aliança
resplandecente de cores e anseios

E sofro porque esse arco deveria ter-se enlaçado
com o que foi dado a cada companheiro meu

Peregrina …Busco-me por entre o escuro
procurando o fúlgido elo de outro coração
batendo a toada inocente de uma criança
que acabou de surgir. E como tal

Estendo os braços indefesos
ofereçendo nos meus dedos
grinaldas de flores abertas
para que outras se enlacem nelas
e os perfumes ascendentes
nos levem de novo aos céus

Vou como um cego que sabe
por demais os caminhos de Deus
pois não me conduzem fúteis apelos
mas o alvo escolhido pelo meu coração





Lisboa, 5/1/2006