PENA SUSPENSA

Ontem libertei um Poema... Isso atirou-me para as masmorras, condenada a prisão perpétua, com pena suspensa (é, a pena não ma tiraram, mas deixaram-ma suspensa do tecto, presa por um fio, como nos Bancos...). Vou fazendo "puzzles", para matar o tempo...

P. S. Aceito visitas, mas não tragam cigarros, não fumo. Prefiro um docinho, sou muito gulosa...

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Na prisão exígua das minhas horas

construo um "puzzle" de letras,

das letras faço palavras,

com elas brinco aos Poetas.

Tacteio as peças no escuro,

que a luz é parca e avara,

sinto-as mais que as leio,

a imagem final nem é clara!

Perco-me na construção do painel,

que desconheço à partida.

Tiro, à sorte, pedaços

da minha alma incontida...

E vou esboçando a cena,

compondo o fundo ao meu quadro,

jogando com significantes

malabarismos de significado.

Começo a ver a obra finda

nas intenções do meu sonho,

mas os reflexos trocam-me as voltas

das peças que, às voltas, ponho!

E o sentido final

não sou eu que o escolho,

são as letras caprichosas

das palavras que desfolho...

Quem disse que as palavras

Não têm identidade própria?

Mas só os Poetas sabem

Reproduzi-la em cópia...