Madre Terra

Hoje a Terra me apalpa e belisca

E com suas mãos invisíveis

Retira aos poucos

(milésimos de segundos de minha

existência)

A elasticidade de minhas mãos

A firmeza de meus seios

A suavidade de meus pés

Na ânsia de cada átomo do meu corpo

Devorar!

Insáciável sede degusta o sumo de minhas cores

de meus olhos, cabelos e de minha pele

Até que seja todo meu corpo para baixo

.

Tornar-me gravidade

Tornar-me opaco salgueiro

Em direção ao chão que me nutriu

(que me expeliu)

Ao pulso (tambores!) lento e contínuo

Que bate junto ao meu pulsar

Somente em direção

àquele lugar que me deu a vida

E que cumpre sua sina

de

apossar-se dela novamente

para que outros possam

retornar

e mingüar.