NAVEGANTE SEM DESTINO
Olhei pela janela do tempo
e vi o flutuar de palavras
que vinham das ondas
trazidas por ventos distantes
Faziam-se confusas ao ouvinte
e manifestavam idiomas
de amargas sensações vividas
Não foi possível por elas navegar,
porque nos rochedos se arrebentaram
e ali se desfizeram
em milhares de vozes
traduzindo ao pobre pescador
suas angústias, tristezas e lágrimas
lançadas foram as redes
e se fartaram os cestos
transbordaram as águas dos olhos,
apagaram-se o brilho das estrelas
agora só espero o acalmar
das marés dos oceanos bravios
que envolveram os corações
naufragando-os em suas paixões.
Para novamente poder
navegar por suas águas,
erguer as velas e viajar
por caminhos clamados
pelo navegante sem destino.