Confissões de um camaleão

Sou aprendiz de pessoas.

Não levo a vida em tábuas.

Manjo a carne quando é fraca.

Bebo a saliva numa boa.

Canto Te Amo em dialetos.

Visto-me de metáforas imberbes.

Agrado gregos, troianos e persas.

Não sou brasileiro, nem sou de Açores.

Meu breakfast ao meio dia tem arroz, feijão e lingüiça.

Sonolento descanso o dia

para despertar o falsário à noite.

E saio travestido de honra

Peito aberto, cara de anjo.

Rio das tuas crenças

Mando-te beijos apimentados

e faço tua caveira de retalhos

para que nunca descubras o meu eu feitor.

E dou nós em tua confiança

para provar-te que não há bondade

Sou a liga inquebrantável da farsa.

Sou a risada canalha.

Sou a falsa lágrima.