FALANDO COM MEUS EUS

Eu me obrigo a ser candeia a cada dia;

Pois a caverna que me aspira, é muito mais que mero mito;

E me achei como resposta antropológica, à minha filosofia;

Porque sou o extinto platonismo, sem conflito!

Minhas perguntas, eu elucido com divagações;

Pois especulo que me vacino, ao fugir de toda terapêutica;

O meu acaso faz rabiscos, no destino de suas ilações;

Porque sou tudo quando nada, me sendo Sócrates sem maiêutica!

Eu torno pitagóricas, as pressuposições cartesianas;

Porque convenço a mim mesmo, que a exatidão não passa de cinismo;

Talvez por conta das minhas virtuosidades levianas;

Ou em função da moralidade contida em meu hedonismo!

Eu sou verbete subentendido, no dicionário de Voltaire;

Porque explico sua paixão, pelo que tanto combatia;

Eu sou muitos em mim mesmo, antes que meu mesmismo se altere;

Pois se acordasse meu Maquiavel, o fim de meus meios não se justificaria!

E assim convivo com meus eus, e não me martirizo;

Porque preciso me entender, antes mesmo que me explique;

Sou vaidade sem Narciso, sou unidade sem socialismo;

Sou apenas eu e mais ninguém, pra que só a mim me justifique!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/04/2008
Código do texto: T930839
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