Dança de Shivas
A imensidade do Cosmo me fez enxergar nossa pequenez e ao mesmo tempo nossa grandeza.
Nossa pequenez na ilusão do ego que nos corrompe e nos conduz para um abismo de uma alegria triste, de uma solidão que mata.
Mas ao mesmo tempo da grandeza de nossa essência, do projeto que a vida tem para cada um de nós.
Da pequenez de sermos um ponto no universo e da grandeza de sermos inumeráveis. Da pequenez de não conseguirmos abarcar a visão do conjunto, mas de sermos partes fundamentais desse conjunto.
Da pequenez de tentarmos ser melhores do que o semelhante e para isso muitas vezes passarmos por cima desses. E da grandeza de tentarmos ser hoje melhores do que fomos ontem, na incrível façanha de passarmos por cima de nós mesmos, de nosso orgulho.
Da mesquinhez de nos apegarmos ao velho, ao efêmero, de ficarmos estáticos. E da grandeza de ousarmos acompanhar o tempo que não para e não pode ser igual para cada ser.
Não o tempo do relógio, analógico, digital ou atômico. Mas o tempo de cada um que transcende tudo isso, e que tem suas raízes, o seu “big bang”, no momento da criação da individualidade.
Da individualidade que está ainda em acabamento, por seus próprios retoques. Onde cada ser dá em si mesmo suas próprias pinceladas. Mas não seria sensato, seria no mínimo arrogante, dizer que nos fizemos apenas por nós mesmos. Jogada do ego.
Do ego que buscamos nos libertar para que possamos ser felizes na simplicidade das coisas que a este parecem pequenas. Mas que são alimentos da alma, tal qual o sorriso de uma criança, namorar de mãos dadas no parque, brincar na calçada num dia de chuva, dar risada de si mesmo olhando no espelho.
Já os alimentos do ego são perecíveis e, por essa razão, com o ego não poderia ser diferente. Ele perece também.
O orgulho que o alimenta ao mesmo tempo o mata.
Já a alma se alimenta da própria essência do universo, do amor eterno e universal, que flui de maneira incessante, num processo de evolução natural. Numa dança maravilhosa de energias suaves que um povo da antiguidade denominou “Dança de Shivas”.