Secreta e mansa como felino na noite

É sempre para aqui, para este lugar, que volto.

De passos leves para não acordar os medos.

Sento-me no chão do terraço e escuto as marés,

que escondi no meu saco de conchas.

Secreta e mansa como felino na noite,

encosto o ouvido a essas caixas da memória ,

enrosco-me no ontem.

Foi há tanto tempo que sonhei escrever.

Gosto desta clandestinidade feita de letras brancas.

Do código sagrado da palavra oculta.

Do sentido, que mal se adivinha, na bainha do poema.

É para aqui que sempre fujo,

quando a voz me grita e me lança nos braços da insónia.

- Vai e escreve, diz-me ela.

Publicado a 21. 01.2008 no meu blog http://www.textos-e-pretextos.blogspot.com

Clotilde S
Enviado por Clotilde S em 16/03/2008
Código do texto: T903890
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.