Prescrição
O mundo não tem remédio
Toda bula da prescrição da cura pela verdade
tem mentiras colaterais, aplaca o mêdo
mas não cura os ais
E felizes vivemos no ermo de nossas insanidades
Em qualquer idade
A vida não é imprópria para maiores ou menores de alma
E ainda tem-se que manter a calma
Limpar os pés das sujeiras deixadas pelos rastros
das gerações saturadas de inúteis orações
Pentear os sentimentos desalinhados
pra poder parecer-se asseado diante da própria imagem
Que linhagem!
Dê-me apenas anestesia para que possa saldar a dor de meus dias
Esses que vêm e vão
Oh vida! És carrocel a girar em meio ao cemitério
E aos vitupérios, deito na cama e sonho com um novo amanhã
Outra vez?