Meu irmão é quem tinha razão
(07/07/04)
É! Meu irmão é quem tinha razão!
Disse-me ele um dia
Como quem me passa um sermão:
“Sei que você é mais velho,
Mas se a vida não lhe ensina,
Deixe-me dar-lhe a lição
Vá com calma, não se afobe
Só demonstre hesitação
Se na moça se interressa
Não lhe diga de antemão
Jogue a isca, mas recolha
Não lhe doe o coração
Pois mulher é bicho estranho
Não se guia por razão
Se é gentil ela o despreza
Com você limpa o chão
Preferem o cafajeste
A alguma devoção”
“Que bobagem!”, penso eu
Está dizendo, meu irmão
Não convive com o belo
Tamanha aberração
Vou fazer à minha maneira
Demonstrar minha paixão
E assim vou agindo
Para onde leva-me a emoção
Faço versos, mando emails
Toda sorte de atenção
Digo “Quero te dar uma coisa”
Exalto-me com sua reação
Chega o dia, que alegria
Vai no bolso a singela doação
Chega a hora, é agora
Não contenho a excitação
“Com licença, vou-me embora:
Uma comemoração”...
O que foi, no bolso volta
Símbolo da frustração
Pois o que é bom dura pouco
Como chuva de verão
E a você, meu companheiro
Dou o braço à torção
Por fim, aqui estou
Para minha própria comoção
Mais uma vez sozinho
No olho do furacão
E de novo isso é bem feito!
Quem mandou ser bobalhão?