Fuga

O fio da meada se desenrola

e no silêncio do meu eu, emudecida,

minh'alma inquieta sem demora,

em vão aguarda a espera indefinida.

Onde estão todos da minha lista,

como fantasmas que rondam minha mente?

Desfilam numa incógnita ensandecida,

qual caravana numa marcha mui dolente.

Apresentai-me os que outrora, fortemente,

Compunha o grupo amigo nos arredores,

Em risos e duetos, alegremente,

Com diáfanas roupas de amadores.

Onde estão? Apenas na minha memória?

Por que, então, sumiram entre as brumas?

Na fugacidade ingrata das horas,

Abandonaram-me no meio das espumas.

Não, é cruel demais esta verdade,

Não quero acreditar nesta realidade,

Para mim tão falsa e intrometida,

Que quer interferir na minha vida.

Nadir de Andrade
Enviado por Nadir de Andrade em 24/02/2008
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