Fuga
O fio da meada se desenrola
e no silêncio do meu eu, emudecida,
minh'alma inquieta sem demora,
em vão aguarda a espera indefinida.
Onde estão todos da minha lista,
como fantasmas que rondam minha mente?
Desfilam numa incógnita ensandecida,
qual caravana numa marcha mui dolente.
Apresentai-me os que outrora, fortemente,
Compunha o grupo amigo nos arredores,
Em risos e duetos, alegremente,
Com diáfanas roupas de amadores.
Onde estão? Apenas na minha memória?
Por que, então, sumiram entre as brumas?
Na fugacidade ingrata das horas,
Abandonaram-me no meio das espumas.
Não, é cruel demais esta verdade,
Não quero acreditar nesta realidade,
Para mim tão falsa e intrometida,
Que quer interferir na minha vida.