REALIZAÇÃO PESSOAL

Rotina de solidão aproxima-nos do abismo

Numa entrega de corpo e alma ao vazio

Na solidão, os dias são mal nascidos

E as noites sem nada, são mal regressadas

E sobre os ombros cansados uma carga oca

Sem peso ás costas e ás custas de suspiros

Sentimos o peso de emoções sem descanso

E o nosso olhar apenas abraça o descuido

Perante um elenco de lamentos sem esperança

Eu era esta imagem sem estilo nem condição

De me surpreender com novos voos de coragem

Mas fui apanhado por uma vaga de desespero

E esbarrei no fundo de um poço que julgava

Não ter fundo e o fundo há muito me esperava

Naquela frequente insatisfação e tendência

Para soltar lágrimas que nada traziam de novo

Apenas aquela rotina de solidão por justificar

Qual o sabor da chuvada que não molha

Por entre um tempo supersónico sem travões

De encontro a trovões sem falinhas mansas

Que deslumbram recordações depressivas

E a distância com a realidade atrapalhava

O tamanho do sucesso da realização pessoal

Quando o mais complicado era não complicar

Mas o respirar fundo foi a minha candeia

E fui pescado daquele mar de tristeza

Por razões estimulantes de bons humores

O começo do resto da minha vida

Na descontracção de ser bom viver a vida