REFLEXO TRANSCENDENTE
Juliana Valis



Esse riso, essa lágrima, essa incógnita

São apenas reflexos de quem nós somos

De quem nós fomos, de quem seremos

Enquanto houver um sonho sóbrio

Irradiando doses não muito tênues

De fótons e nêutrons de ilusões...



E toda dúvida, todo soluço, todo medo

Serão apenas réquiens tão ínfimos

Das máscaras esquálidas que usávamos

Para nos defender de nossas sombras,

Estampadas em paredes tão concretas

De dores e ressentimentos....



Quem nos deu essas máscaras tão estúpidas ?

Quem terá plantado a estupidez

Em mais de cem mil hectares de falsidade ?

Ah, o teatro da vida, o teatro do mundo

São apenas partículas macroscópicas

Dos reflexos de quem fingimos ser,

Enquanto brincamos com as aparências...



Porém quando o espelho da alma se racha

Quando a existência se enche de breus,

Entendemos porque o tempo só marcha

E porque as chuvas são lágrimas de Deus,

Ao ver os humanos sempre tão frios

E a frieza sempre tão cheia de véus

Que o amor se perdeu entre rios

De reflexos nos arranha-céus...



E quando o amor puder ser reflexo

Da essência de quem somos nós

Não haverá retrato tão desconexo

Das máscaras que nos deixam sós

Nessa angústia, rebelde mar perplexo.


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