Ligeira impressão
Não passe pelas coisas como se fossem apenas coisas
Uma pedra pode levar à mil atos e pensamentos.
Passar pelas pessoas como se fossem apenas pessoas
É ignorar todos os detalhes que as cercam
O cheiro, o gosto, a voz, os sons
Até mesmo o silêncio de uma pessoa é apenas dela
Cada gesto e expressão, cada olhar, cada respiração
Nos dá a ligeira impressão de intimidade
A impressão de que estamos diante de alguém único.
Somos únicos?
Somos especiais?
As respostas valem menos que as perguntas
E quem vê o mundo através dos meus olhos?
Apenas eu.
Quem vê as pessoas do meu jeito?
Apenas eu.
Pois é meu jeito, são meus olhos
São minhas escolhas, meus momentos vendados
E de amores perdidos num piscar de olhos
E de amizades encontradas num folêgo mais longo.
Eu mergulhei nas profundezas da minha própria visão e pensamento
Pois o único mar alcansável ao meu espírito é o que criei
Os outros eu posso vislumbrar, se for sensível
Tocar a superfície, se for incrível
Mergulhar nunca, pois não seria coragem ou audácia
Seria a invasão de outro íntimo, de outro plano que não me pertence
Seria destruir o outro para satisfazer a minha ânsia de descoberta
Na diluição de um rosto construir minha própria máscara
E mergulhar solitário num oceano que não me pertence.