Dependência é morte?

(01/06/04)

Dependência é morte!

Frase bonita e de efeito

Que se colocada com jeito

Convence a qualquer sujeito

Que o mundo pode ser perfeito

Se você for seu próprio prefeito

Mas percebo eu com estupor

Que a concepção do autor

Vê dependência com muito pudor

Diz “tenha o seu próprio labor”

E que é difícil independência no amor

Que paixão é um, amor é posterior

Diz que o amor permite independência

O que contraria toda e qualquer evidência

Não estar sempre junto com seu amor?

Quem ama está junto, ao menos na consciência

Não precisa concordar com tudo o que ele pensa?

Como não, se amar é sintonia, é onisciência?

Cada um com seus próprios projetos?

Amar é convergência

Benevolência

Ter no outro sua auto-suficiência

Não é causa, é conseqüência

Desculpe-me o autor,

Mas nunca amou quem escreveu essa excrescência

Agora, olhando a outra mão

Não somos dependentes do que ara o chão?

Daquele que colhe o grão?

Que faz o transporte e a importação?

Do que sova a massa de um simples pão?

Não defendo aqui a postura altruista:

“Abra mão de tudo em prol do oportunista”

O que discordo é da postura chauvinista:

Use-os para companhia, sexo, risadas, amizade, conforto

Onde eles são insubstituíveis, seja egoista!

Dependência ,em pequena quantidade

É o que move a humanidade

Que integra a sociedade

Satisfaz a necessidade

E torna possível a sua cidade

Assim, dependência só é morte

Para aquele que nunca foi forte

Que vaga na vida sem norte

Sem nenhum ponto de aporte

E espera que algum consorte

Lhe dê sustento e suporte

Que o conduza e transporte

O deite e o conforte

Enquanto espera a morte!