Utopia
Desassossego a esmo essa calmaria
Sem menor valia
Passos em vão
Fantasias desfeitas que não servem mais
Para festas de arromba
Mas que arrombam o coração violentado
Utopia de sabedoria
Desleixo nos cuidados com o próprio coração
Que sem medir perigos se entrega
Máscaras sim permanecem nos alheios
Que forçosamente fazem e desfazem
Pilhérias, palhaçadas e maçadas
Fazendo de outro o bobo da corte
O mundo amorfo estendido nessas
Tardes quentes que sempre acabam em chuvas
Choros dos desavisados
Sem alento a vida esticada como elástico
Do outro lado um estilingue pronto para ser acionado
Nele uma pedra a ser lançada
Sobre quem pretendeu ser amado
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"Era ainda jovem demais para saber que a memória
do coração elimina as más lembranças e enaltece
as boas e que graças a esse artifício conseguimos
suportar o passado"
Gabriel Garcia Marques em Amor em tempo de cólera