Eu ou os Outros?
Dispo minh’alma das maldades daqueles outros,
O inferno foi criado e eu tenho o passaporte do céu.
O cansar faz parte, mas falta muito pouco, senhor Eu.
No guarda-roupa entreaberto, não conheço o meu reflexo.
Mudo.
Estando a alma solta, a carne morta é crucificada.
O inferno são os outros, eu sei, não me engano...
E quanto a mim, ser escaldante de meus desejos?
Nem a Dante cabe julgar, na divina comédia!
Cúmulo.
Sem a chave para aquela porta, grito em silêncio
E encontro a saída, sem abertura. Toda minha.
Não tenho com quem dividir. Emudeço e seco,
Mas meus pensamentos se enchem de liberdade.
Verdade.
Me encontro. Ou não?
Veridiana Rocha
05/02/08