MURALHAS DA ALMA

Entre cercas de arame que arranham a alma,

Rasteja a insegurança, silêncio que cala.

Cravam feridas sutis, cicatrizes no coração,

Algemas invisíveis que aprisionam a mão.

Muros de alvenaria fria, erguidos no rancor,

Bloqueiam a luz, multiplicam a sombra da dor.

Pedras que sussurram: Aqui não há lugar

Para o amor ou esperança, para o riso a voar.

Muralhas de lágrimas secas,

Guardam segredos e feridas que ardem.

Em seu topo, histórias de solidão.

Nós desatados no vazio do coração.

A alvenaria não sente, não dobra, não ama:

Sua frieza é espelho de uma alma que clama.

Entre tijolos e grades, paixões se esvaem,

E o eco do "eu te quero" em poeira se fazem.

Mas há quem insista em derrubar as pedras.

Trocar o cimento por flores, a cerca por heras.

Pois toda muralha, por mais densa que seja,

É feita das mãos que um dia a semearam...