INCOMPLETOS
Aprendemos tanto,
desde os primeiros passos,
as primeiras palavras,
as regras à mesa,
o peso das normas que nunca escolhemos.
Ensinaram-nos a desconfiar,
a separar, a julgar sem conhecer.
Repetimos palavras vazias,
orações sem alma,
tradições sem sentido.
Aceitamos leis que servem a poucos,
dobramos a espinha diante do poder,
seguimos caminhos já traçados,
mas dentro de nós algo grita,
algo falta.
Quem nos ensinou a olhar para dentro?
A escutar o que silencia em nós?
A lidar com o desejo, com o medo,
com a tristeza que se esconde
atrás de sorrisos ensaiados?
Vivemos, mas incompletos,
com sonhos desfeitos
e esperanças gastas.
E ainda assim,
há algo de imenso dentro de nós,
uma luz esquecida,
uma essência intacta,
esperando ser reencontrada.
Tião Neiva