O viver
Fodam-se as rugas
Os pelos brancos
a quase demência
não me tira do sério
Se o tempo passou
Pouco me importo
Não tenho porque me importar
O tempo é dono de si mesmo
Pulsa nas minhas artérias
O sangue incontinente
E festeja a minha alma
o viver por mais um dia
A vida é como cera incandescente
O pavil que queima lentamente
O fluir das horas refletido na chama
A luz da vela a imitar a lua cheia.
A luz afugenta a escuridão
de quem abastece o fogo
E viver é a chama do presente
Num passado e furturo ausentes
Ora pois!
A cera que resta derretida
é fruto de uma chama morta
vez que o combustível se foi
e a chama que por hora impera
é viva apenas por agora
No mais
Melhor a tangente como saída
talhada por ausência de regras
Porque não há livros de normas
que dê ao tempo o devido sentido