Auto psicanálise literária
Tudo o que sei de mim mesmo é apenas uma impressão minha, de mim. Tudo o que sou são apenas impressões alheias, ego de alter-ego.
Espectador ativo de mim mesmo é o que sou. Ator passivo que representa a si mesmo no outro. Pura fantasmagoria e esquecimento de mim.
Sou assim, o meu próprio reverso. Um jeito sem jeito de ser o que sou. Produto de mim mesmo é o que sou no outro que me criou nas suas impressões.
Palavras soltas, divergentes e sem sentido que se unem e convergem para expressar nada. Estado de coisas sem nexo, passageiras que não se detêm na abertura da passagem para o significado.
Um desassossego antigo, primordial, me permite caminhar por passagens que não me levam a lugar nenhum. Perfilam por minha memória imagens dispersas, jamais vividas.
João Batista Valverde
09/11/2024