Sobre o tempo sóbrio
E de qual tempo a gente fala?
Daquele visto no ponteiro
ou do que se desfaz por inteiro
quando enterrado na vala?
O tempo é assim, tão sereno!
Tão veneno!
Tão atroz!
O tempo pode ser pequeno
nada ameno
mas veloz
Seja estampado na face medonha
refletido no espelho, perdido
Expõe toda a nossa vergonha
lamentando-se por ter sido banido
Jamais olhará para trás
o tempo caminha adiante
Deglute de forma voraz
enquanto a mente é relutante
Findo a poesia!
Despeço-me por aqui
Cansado dessa euforia
De escrever sobre o tempo
[coisa que nunca vi]