A beleza do abismo
No princípio do precipício eu já estava ali
Parido na dor, fruto que escolhi
Sem rosas, sem flor, sem pedra, só energia
Tudo se criava, nada alí havia
A grande escuridão, vim da força do nada
Do nada q restou, por isso estou tranquilo
Serenidade quando tudo desmoronava
Sorrindo e o mundo em chamas me lembra daquilo
Por isso estou aqui recitando esses versos
Lembro do reflexo da humanidade
Ou do que dela restou, o pouco que carrego
Do caos vem a mudança e a serenidade
Mesmo com pouca idade isso já enxergava
Luz vem da escuridão, a paz que vem do caos
Desandei, desandei quando nada andava
Pra ter uns dias bons são necessário os maus
E mesmo que na vida, nem tudo se recita
há coisas e fatos que guardamos no peito
Na gaveta da alma, a minha tá preenchida
E através das rimas vomito o meu receio
Andanças e estagnação
Uns giros pra desilusão
Voei pelos seus mares, e escutei amor
Nadei pelos seus ares e sentir a dor
Ainda escuto os seres ou o que restou
Quanto mais tempo passa mais desanda o relógio
Da vida, o que seria? nessa fui filho pródigo
Quanto mais o tempo volta se revela a história
Do mundo construído de exploração e glória
Nas cores da aquarela a beleza se revela
São belezas na terra, em meio a tantas mazelas
Mastigamos revolta no céu que é cinza chumbo
Num mar que é vertical, de prédios. esse é seu mundo?(como vai seu mundo?)
Quem subverte a lógica é chamado vagabundo
Quem vive de arte mesmo nada no profundo
Na cantoneira da selva, seu viver, seu reduto
E todo dia um luto, história triste escuto
Eu falo de amores, falo da minha dor
A esses falsos senhores, repúdio e desdém
Respirei a fumaça ingrata da solidão
Amigo ascende a lata, estoura o peito e o coração
vasilhame da cidade, bebi ressentimento e paz
São as contradições de um simples rapaz
a paz que tanto busco só alcançarei na guerra
São as contradições de se viver aqui na terra