Alegoria da verdade

Trago neste escrito, a genuína intenção de estar errado

E a vontade de me expor ao erro, como quem se despe

De todas as certezas que um dia me vestiram

Decidi fazer destes insubstantivos, um manifesto da minha ausência

Minha caixa sortida de cartas escritas, sem nenhum destinatário

Dos segundos conseguintes, aos que minha voz se afogou na maré da covardia

É do meu desejo, que você não se sinta abraçado por estes versos

Mas que sejam o incômodo exato, a lâmina inquieta da ponta da espada

Na ferida que insiste, em te prender no conforto do universo conhecido das palavras

Pois é no desconforto, que mora o espelho

A imagem que você evita, com a desculpa do tempo

De que servem palavras gentis, se estas não dobram as arestas do que somos?

Neste meu novo espaço, não há mais abrigo e nem silêncio

Apenas a desordem anárquica e sem rima, do que eu quero comunicar

A existência reconfigurada, para não desejos de não vontades

Na verdade

Como a etiqueta de “conteúdo explícito” avisando aos desavisados, que querem evitar seus incômodos

Em minha casa, não há cômodo algum

E você, o que carrega?

O que te veste?

Eu sinto muito, mas não sinto nada

Se ainda existem todas estas mentiras que mantém seu pulso

Photosfera
Enviado por Photosfera em 03/12/2024
Reeditado em 03/12/2024
Código do texto: T8210934
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