Alegoria da verdade
Trago neste escrito, a genuína intenção de estar errado
E a vontade de me expor ao erro, como quem se despe
De todas as certezas que um dia me vestiram
Decidi fazer destes insubstantivos, um manifesto da minha ausência
Minha caixa sortida de cartas escritas, sem nenhum destinatário
Dos segundos conseguintes, aos que minha voz se afogou na maré da covardia
É do meu desejo, que você não se sinta abraçado por estes versos
Mas que sejam o incômodo exato, a lâmina inquieta da ponta da espada
Na ferida que insiste, em te prender no conforto do universo conhecido das palavras
Pois é no desconforto, que mora o espelho
A imagem que você evita, com a desculpa do tempo
De que servem palavras gentis, se estas não dobram as arestas do que somos?
Neste meu novo espaço, não há mais abrigo e nem silêncio
Apenas a desordem anárquica e sem rima, do que eu quero comunicar
A existência reconfigurada, para não desejos de não vontades
Na verdade
Como a etiqueta de “conteúdo explícito” avisando aos desavisados, que querem evitar seus incômodos
Em minha casa, não há cômodo algum
E você, o que carrega?
O que te veste?
Eu sinto muito, mas não sinto nada
Se ainda existem todas estas mentiras que mantém seu pulso