Tem um mundo na minha frente
Hoje senti o chão tremer.
Porém, na verdade isso acontece QUASE todos os dias.
Quando não treme eu até estranho.
Porque me acostumei andar na corda bamba e ficar no fronte.
Quando estou nos lugares vejo os olhares e eles vêem com pensamentos, mesmo que seja da minha cabeça,mas com o tempo se torna real a minha insegurança. Eu incomodo, ocupo espaço que os outros não aceitam. Já fui tão mal falada, mas como posso saber ao certo dessa difamação, porque não sinto esse teor volumétrico de maldade, mas me atinge! Ai perco colegas, oportunidades, chances, vontades, assim por diante.
Na minha cabeça eu não tenho o conhecimento de alguns valores.
Se as pessoas nascem e aprendem com a vida a terem certas condutas, eu já vim virada de bunda, antes de estar preparada, não deu tempo de saber como funciona a maioria dos deveres e escolhas. Meu eu interior sempre me lembra que tenho defeito do fio de cabelo ao dedão do pé, mas isso porque vivo nessa época, nessa sociedade, com comparações, exigências e padrões. Sei que se eu estivesse sozinha num local isolado de tudo, a real importância era se proteger, conseguir alimentos e morrer com menos de vinte anos. Como antigamente, muito antigamente.
Hoje tremeu meu chão de novo, de novo, novamente, eu vejo tudo e eu não estou lá, busco o silêncio pq barulho de mais faz eu me transformar, dor, calor, demora, necessidade, agonia, tristeza, minhas lágrimas estão todos os dias presentes, uma para cada canto, uma para cada suspiro. Me pergunto se sou feliz, não sei se sou, faço uma lista de sentimentos bons e ruins, me confunde mais ainda, porque a solidão por horas é boa e por fim é ruim. Estou sentada numa mesa e na minha frente tem um mundo.