A poesia é o meu refúgio

A poesia não exige que eu seja forte,

não me apressa, não me aponta para onde ir.

Ela só me ouve, em silêncio profundo,

como quem diz: aqui, você cabe no mundo.

Aqui, não há julgamentos, não há cobrança,

apenas a verdade crua do que sou.

Minhas oscilações, meu grito contido,

tudo ganha voz no verso que brotou.

Não preciso ser perfeita, nem mesmo inteira,

na poesia cabe toda a minha bagagem:

As rachaduras e a sombra do medo.

Na poesia eu me permito cair, pois a queda é voo em segredo.

Às vezes, uma poesia não é bonita, mas é o bastante.

Não salva, não cura, mas mantém minha alma respirando.

Meus dias são iguais em seu peso, e ninguém parece querer ouvir o que dói em mim.

Estou fragmentada e confusa, mas me faço inteira no verso.

As palavras me costuram, linha por linha, fazendo de mim uma história que se faz e se desfaz.

E, assim, na casa da palavra, onde meu caos encontra sua ordem, encontro um pouco de paz.

Um alívio suave entre o agora e o que poderia ter sido.

Marília Reul
Enviado por Marília Reul em 28/11/2024
Código do texto: T8207741
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