Complexo de vira-lata

Eu sou eu, em minhas circunstâncias,

não nasci de um molde pré-determinado,

não carrego o peso de uma herança pura,

mas sim, a riqueza das misturas,

das lutas, das conquistas e das marcas.

Eu sou o Brasil, onde o povo é feito de mil encontros e contrastes,

povo forjado no cruzamento das vontades,

onde a raça, ah, a raça é apenas a capa da história,

[uma fachada]

E ao olhar para o processo da nossa história,

vemos que ser vira-lata é, em verdade,

ser a fusão de todas as diferenças que o mundo tenta separar.

Ser vira-lata?

Não é um rótulo de desprezo,

dirão, não é estigma, mas força nascida do chão,

que não se define por um só rosto,

mas pela beleza da nossa diversidade,

somos mestiços, sim,

e é dessa mistura que nasce o milagre:

povo único, com raízes que se tornaram única

em uma harmonia de ritmos, de cores e sabores,

como as cores de um pôr do sol que pinta nossa pele.

Ser vira-lata é saber que somos ricos de uma cultura

que nasce das nossas histórias e misturas,

da nossas festas e tradições regionais,

da nossas linguagens e dialetos,

da nossa arte e arquitetura,

da nossa culinária e música,

do nosso beijo intenso e apaixonado,

do nosso sorriso que brilha como ouro,

mesmo nas sombras dos nossos dias.

Ser vira-lata é ser Brasil,

e quem não conhece o vira-lata,

não sabe o que é ser ativo,

não entende o que é ser vivo

Triste é quem não entende o milagre da mistura

De ser um vira-lata.

Anna Gonçalves
Enviado por Anna Gonçalves em 20/11/2024
Reeditado em 20/11/2024
Código do texto: T8201240
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