Nada

Uma folha em branco

Um bolso vazio

A seca histórica que mostra o fundo do rio

O nada revela tudo

Um clarão na madrugada

Mesmo tendo tudo uma hora você sente algo estranho

Como se nao fosse nada

O silêncio

O tormento

Um pequeno passatempo

As horas da madrugada

A estrada deserta

O peito vazio

Tudo fica por um fio

Quando já não sentimos nada

O espaço entre um passo e outro

A horas solitária no calabouço

Apenas o vazio dentro de si

Nada mais te faz sorri

Tudo é igual a nada

A distância

A ignorância

A viagem marcada e atrasada

Esperamos tantas coisas

E sempre encontramos o nada

O nada ainda não tem tradução

Eu sou da espécie

Você também é

E agora, José?

Não se preocupe com nada

Somos da família

Acostumados com a espera infrutífera

Aqui não acontece nada

Aqui é o nada que vigora

Batalhamos por horas a fio

O nada nunca vai embora

Eu sou mais um

Você também é

A nossa soma de dois quadrados

Vezes zero

O resultado você já sabe quanto é

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 08/11/2024
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