Porquinho da índia
Poderia eu ser um resultado diferente?
Poderia, se não fosse sem, de fato, saber que sou.
Sou a cura das fraturas?
Sou as fraturas?
Sou a consequência da necessidade de me curar?
Muito embora acredite em algo maior,
como um porquinho-da-índia na minha roda imaginária,
corrida essa para lugar nenhum,
troco os pés e, em alguns passos, me esqueço da roda,
esqueço, inclusive, que não há ponto de partida ou de chegada.
Talvez, então, eu seja a corrida,
o movimento.
O que sei é que, sem a roda,
os pés,
os passos,
a corrida,
não haveria fratura, nem cura.
Mas também não existiria movimento.