Premonição
A premonição é monótona.
Vejo o inferno obscuro
com a clareza da cegueira
obscena a qual a vida é.
Lágrimas agridoces nos dias
recebem os afetos,
derretem no rosto de cera
dessa minha angélica
melancolia orgânica e genérica.
Lentamente tento concluir e
remediar, mas fujo
do arquétipo ponderado
de Mercúrio; o senhor
da clareza apaixonada em
sinapses emocionais, que
minha ansiedade, desespero
e o constante e frio medo,
gritam contra sua soberania.
Enxergo angústia na terra.
Desabrochará sob o jazigo
ervas da noite para me benzer.
Sob a lua de sangue
que dentre corvos dançam
na tormenta das nuvens,
o sono dorme sobre
a predestinação do caixão vazio.