Fim de ano para os inquietos

Pelos dias do ano que se despede,

os intranquilos contam horas,

como se o tempo, cíclico,

parasse naquele exato instante,

onde o passado se funde ao futuro

e tudo pudesse rever.

Dias percorridos em pressa,

marcas na pele e na memória,

[construindo suas raízes]

o poder de voltar, de acelerar,

de vivenciar o começo e o fim,

como uma engrenagem roubado ao infinito,

será um sonho como a Divina Comédia.

Mas a vida é feita de ilusões,

não se conta o que não pode ser,

mas o que quer ser.

O relógio gira, sempre incessante,

[mente]

mas neste instante, tudo se aquieta,

e o silêncio abriga novas ideias.

Os sonhos não realizados

se misturam ao desejo de ser renovado,

e nas promessas que foram feitas,

como se a vida quisesse nos dizer

que cada fim é também um começo.

Assim, recebemos a noite, a festa,

reunião com os familiares,

as luzes e as risadas,

enquanto o velho se despede,

abrindo espaço para o novo,

com ideais diferentes, um pouco mais ousado

[mais 365 para sempre se renovar].

Neste fim de ano dos intranquilos

abracemos a incerteza,

como as rodas que sacudiram o destino,

nos dizem que já não há nada a perder,

e, na contagem do tempo que passa,

encontramos sempre um novo amanhecer.

Anna Gonçalves
Enviado por Anna Gonçalves em 04/11/2024
Reeditado em 11/11/2024
Código do texto: T8189365
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