Fim de ano para os inquietos
Pelos dias do ano que se despede,
os intranquilos contam horas,
como se o tempo, cíclico,
parasse naquele exato instante,
onde o passado se funde ao futuro
e tudo pudesse rever.
Dias percorridos em pressa,
marcas na pele e na memória,
[construindo suas raízes]
o poder de voltar, de acelerar,
de vivenciar o começo e o fim,
como uma engrenagem roubado ao infinito,
será um sonho como a Divina Comédia.
Mas a vida é feita de ilusões,
não se conta o que não pode ser,
mas o que quer ser.
O relógio gira, sempre incessante,
[mente]
mas neste instante, tudo se aquieta,
e o silêncio abriga novas ideias.
Os sonhos não realizados
se misturam ao desejo de ser renovado,
e nas promessas que foram feitas,
como se a vida quisesse nos dizer
que cada fim é também um começo.
Assim, recebemos a noite, a festa,
reunião com os familiares,
as luzes e as risadas,
enquanto o velho se despede,
abrindo espaço para o novo,
com ideais diferentes, um pouco mais ousado
[mais 365 para sempre se renovar].
Neste fim de ano dos intranquilos
abracemos a incerteza,
como as rodas que sacudiram o destino,
nos dizem que já não há nada a perder,
e, na contagem do tempo que passa,
encontramos sempre um novo amanhecer.