Rasurando o tempo

Rasuro o tempo como quem escreve

num papel já amassado,

como quem tenta, em vão, refazer

a linha que o acaso traçou errado,

somente pra tentar entender.

Rabisco dias e horas sem jeito,

riscando memórias, tramas, segredos,

Sonhos cancelados...

Num esboço trêmulo,

entre hesitação e desejo.

Cada memória é um instante disperso,

que se esconde, se apaga, recomeça,

mas fica ali, feito ruga, cicatriz impressa.

Ah, se eu pudesse apagar

as falhas da mão que vacila,

e redesenhar o que fui,

em uma folha mais branda e tranquila,

Numa dessas de linhas marcadas

e bem decididas.

Mas o tempo, vaidoso,

não aceita emendas,

Por isso as rasuras.

E segue sem pena nas linhas já lidas,

no fim das palavras,

e as atitudes duvidosas

desse tal maculado tempo.

levando os rabiscos que a vida inventou

pra nos dissipar.

O tempo ardiloso

não aceita emendas,

Sigo rasurando esse "pseudo-sagrado"

Tempo que diz-se perdido no próprio tempo

Tornando em rabiscos por somente esperar.

Pegar o papel.

Amassar ,

Arremessar ,

Ao sexto...

Numa sexta

Rasura....

Ig: (@Rafa krek)

Rafa Krek
Enviado por Rafa Krek em 04/11/2024
Código do texto: T8189254
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