Dialeto
Gosto do silêncio
E também de ti na quietude das palavras
Dos ipês no dorso da estrada em um aceno florido
De adornar teu vestido com as luzes da cidade
Acariciar a felicidade na primeira hora do dia
Gosto de partir como quem vai ao oriente
Carregar o sol poente entrelaçado nas mãos
Feito poesia, feito fogo silenciado
Na essência de um livro incendiar o coração
Gosto do encontro, da esperança, do que é raro
Do horizonte límpido e claro onde deixo meu olhar
Pedras segurando o mar, acalentando a miragem
Em teu corpo uma paisagem, inebriante, descoberta
Gosto de sorrir, de ser barco, de ser rio
Descer o largo vazio por suas ruas históricas
Cantar um samba p'ra vida, fotografar as memórias
Abraçar o luar que vem de longe e sem pressa
Gosto do silêncio, o fruto doce dos sábios
Do que não é dito por lábios, da beleza romântica
Nem a mais distinta semântica poderia assim dizer
Que por ti enternecer seria um caminho dourado
E sem volta