Responde-me, Senhor!
Quem te criou, ó divindade serena,
Foi a luz ou o silêncio que te deu forma plena?
És tu o sopro do vento que afaga o mar?
Ou és a raiz que sustenta o mundo a girar?
Por que brilhas na noite, no céu profundo?
Serias tu a guia de cada ser vagabundo?
Qual é teu nome, escondido nas estrelas?
É teu rastro o que faz as flores reverdecer nas janelas?
Por onde caminhas, quando o sol se põe?
Tens tu a chave para o coração que se expõe?
Serás tu o eco nas montanhas distantes?
Ou és o brilho no olhar das crianças sonhantes?
Por que habitas tanto o mistério quanto a clareza?
És a sombra da dor ou a face da beleza?
Que histórias carregas no véu que te cobre?
De que fontes bebes, divindade tão nobre?
Por que te calas quando o mundo implora?
Estás em cada adeus ou és a saudade que mora?
Serás tu o destino ou a estrada infinita?
És tu a verdade ou a dúvida bendita?
Onde começas, onde vais terminar?
És o ciclo ou a pausa do tempo a girar?
Divindade, és esperança ou és acaso cruel?
Serás o fim ou o eterno painel?